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Deficiente visual desenvolve sistemas de aprendizagem

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Foto de Alan Ghelardi. Foto Divulgação
Foto de Alan Ghelardi. Foto Divulgação.

MARINA PITA
Direto de São Paulo

Alan Ghelardi conhece bem as agruras por que passa um deficiente visual durante o processo ensino-aprendizagem. Para ele, deficiente visual desde os 14, dentre as deficiências que comprometem os sentidos, a baixa visão e a cegueira são as que mais prejudicam o processo de aprendizagem do indivíduo. Assim, desde que ingressou na universidade, ele participa de projeto para desenvolver sistemas acessíveis.

Segundo Ghelardi, a maior dificuldade de aprendizado dos deficientes visuais ocorre porque, além da pessoa ter que lidar com a falta de um sentido importantíssimo para a absorção das informações, nas salas de aula ela acaba se deparando com educadores acostumados a utilizar recursos visuais para transmitir o conhecimento. São professores que, em sua maioria, não receberam o preparo adequado para atender a uma pessoa com necessidades de aprendizagem diferentes.

Sua experiência, no entanto, mostrou que com boa vontade é possível superar as dificuldades e estruturar um modelo de educação inclusiva: "concluí o ensino fundamental e o ensino médio em um colégio sem qualquer experiência com pessoas cegas e obviamente, eu era o único aluno cego da turma. Porém, na época a instituição se demonstrou aberta a me acolher e me auxiliar no que eu precisasse. Logicamente que o apoio dos colegas, dos professores e sobretudo, da minha família foi fundamental para transpor as barreiras geradas pela falta de metodologias de ensino mais adequadas às minhas necessidades. Lembro-me, por exemplo, de que meus pais gravavam os materiais didáticos em áudio para que eu pudesse estudá-los", relata.

Com toda esta bagagem, Ghelardi que ingressou na graduação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) no ano passado, na modalidade à distância, logo se envolveu no projeto Laboratório de Objetos de Aprendizagem, coordenado por Joice Otsuca, que tem como objetivo o desenvolvimento de objetos interativos de aprendizagem baseados em tecnologias de código aberto.

"Minhas pesquisas estão relacionadas ao suporte de acessibilidade a tais objetos. Além disso, ainda como parte do projeto, estou desenvolvendo um player de media com foco em acessibilidade baseado em tecnologias como HTML5, CSS3, Java Script e WAI-ARIA para ser utilizado no ambiente virtual de aprendizagem da universidade". Ele explica: "a motivação para esse projeto do player foram os problemas de acessibilidade que geralmente ocorrem em players de media baseados em tecnologia Flash".

A pesquisa de Ghelardi rendeu uma bolsa de estudos, que o ajuda financeiramente. "Penso que a bolsa de extensão é um bom auxílio como motivação a um trabalho que, em última análise, visa gerar benefícios a estudantes, com deficiência visual ou não, em seu processo de aprendizagem e por conseguinte, a sociedade como um todo".
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